Por que fazer Psicoterapia?
- Hannah Beatriz
- 19 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 24 de mar. de 2022
Seres humanos são criaturas complexas demais para serem analisadas apenas sob um aspecto. Ao longo da história, diversos pensadores e estudiosos davam suas perspectivas e ideias sobre quem somos, por que somos, para que estamos aqui... Por conta de tamanha complexidade, fomos separando em áreas de cuidado cada âmbito das pessoas. Atualmente, entende-se os humanos como seres bio-psico-sociais. De maneira simplificada, isso significa dizer que somos seres biológicos (com um corpo orgânico), psicológicos (com uma estrutura mental e psíquica) e sociais (seres coletivos, que se constroem também através do outro).

Nesse emaranhado de saberes e cuidados, cada profissional irá desempenhar uma tarefa em busca de fornecer aos indivíduos cuidado, maior qualidade de vida, auxílio ou qualquer outra ferramenta que o sujeito busque. Especificamente no âmbito da psicologia, o papel do profissional é o de compreender o comportamento humano em grupos e individualmente, estudando e analisando diversos conceitos como percepção, inteligência, emoção, atenção, entre outros, observando tanto comportamentos e reações observáveis, quanto sentimentos. Como um campo muito rico, a psicologia se desmembra em diversas áreas que dialogam entre si, como a psicologia educacional, do trabalho, jurídica, hospitalar, esportiva. Há, ainda, a psicologia aplicada, que se utiliza dos dados obtidos nas demais áreas para propor soluções mais práticas e a psicologia clínica que analisa os transtornos mentais e também outros sofrimentos psíquicos que não necessariamente serão classificados como psicopatologias. O psicólogo clínico, como profissional da área da saúde, estudará as doenças mentais de um modo geral e profundo (suas origens, classificações, diagnósticos) e utilizará de ferramentas como a psicoterapia para oferecer acesso à saúde e melhoria na qualidade de vida do indivíduo. Dessa forma, a psicoterapia acaba sendo buscada por indivíduos com alguma espécie de conflito, angústia ou outro sintoma que o traga desconforto. É preciso pontuar que não necessariamente será acompanhado por um psicólogo os clichês de pessoas em sofrimento. Estar na vida em si já traz uma série de angústias e dissabores que nos afetam de diferentes maneiras. O que precisa ser avaliado pela pessoa para saber se ela precisa ou não procurar um psicólogo é apenas a sua vontade de iniciar esse processo. Obviamente, "se conhecer melhor" acaba não sendo o estímulo ideal para se iniciar um atendimento com um psicólogo, especialmente por ser um eventual estímulo vago para se aprofundar sobre. O ponto aqui é demonstrar que talvez aquelas noites mal dormidas, as repentinas crises de tristeza, a frustração de não se evoluir profissionalmente, sejam elementos que mereçam uma atenção especial - essas angústias cotidianas que vamos aprendendo a nos acostumar e "ir levando", mas que podem acarretar em problemas de saúde mental maiores com o passar dos anos. Na contramão da correria do cotidiano, a terapia oferta um profundo conhecimento de si a longo prazo. Viver nos dias atuais sempre é uma intensa busca pelo prolongamento dos dias, tanto por mais anos de vida quanto por mais tempo para se executar tarefas, ganhar dinheiro, trabalhar mais... Gastar tempo torna-se cada vez mais caro, por isso trocam-se os anos de terapia para se perceber e descobrir-se fluido e contínuo, por medicamentos de urgência que alteram nossas angústias por nivelamentos hormonais ou outras drogas lícitas (ou até ilícitas) para momentâneas sensações de alegria. Claro que a ação conjunta com outros profissionais ou até medicamentos sempre será necessária em casos específicos. Mas até que ponto é realmente importante para as pessoas o volume de antidepressivos ou ansiolíticos que são comercializados e difundidos em cada vez mais? Nesse sentido, a razão para se escolher a psicoterapia é, em um primeiro momento, se perceber naturalmente como um ser em constante mudança, com sofrimentos, alegrias, dificuldades e qualidades e se permitir, acima de tudo, ter um espaço profissional seguro que lhe garanta autonomia para se perceber limitado, passar pelos momentos ruins com naturalidade e superar eventuais crises e dificuldades numa relação de troca com o profissional que escolher.
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